Esse texto seria sobre os incentivos econômicos à cultura em tempos de pandemia. Mas ele não pode ser criado, pois, desde o nascimento dessa ideia até a escrita deste texto, fiz 32 anos e fui eleita presidente do IBDCult.
Não que uma coisa tenha a ver com a outra, idade não é requisito para preenchimento do cargo.
É que ambos os acontecimentos foram quase simultâneos e, em tempos de isolamento social, me levaram à reflexão sobre a caminhada até aqui, e sobre o que ainda está por vir.
O IBDCult tem pouco mais de 6 anos de vida e, durante essa trajetória, na qual estou desde o início, duvidei inúmeras vezes. Duvidei se eu deveria continuar, questionei qual seria nosso papel como entidade, indaguei aos demais o motivo pelo qual, afinal, continuávamos ali, insistindo, mesmo diante de todas as dificuldades.
E, apesar das minhas dúvidas, permaneci, ou melhor, permanecemos. Certa vez, me disseram que o IBDCult fazia o que podia fazer, e que isso não era pouco. Hoje vejo isso com mais nitidez. Nós não paramos: criamos, discutimos, elaboramos, projetamos, realizamos. Outros entraram e ficamos mais fortes. Talvez a construção seja, de fato, mais relevante do que o resultado.
Logo após a eleição da nova Diretoria, veio o meu aniversário. Gosto de festa, reunir quem eu amo, estar junto. Não foi possível fisicamente, mas os meios virtuais permitiram que o carinho fosse tão intenso quanto.
O início desse novo ano de vida começa junto com essa nova jornada de estar à frente deste Instituto. E, tanto em um quanto no outro, preciso das pessoas ao meu lado, ainda que virtualmente – enquanto as questões sanitárias assim exigirem – pois são elas que dão sentido a todo o resto.
Não cheguei a essa nova idade sozinha, bem como o IBDCult não se construiu só. Eu e Ele somos quem somos por causa do coletivo e é por ele que precisamos – e devemos – continuar. Sou esse todo e é por ele que continuo. Duvidando, mas em boa companhia.
Cecilia Rabêlo
Advogada, Mestre em Direito Constitucional, Especialista em Gestão e Políticas Culturais