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Bolsonaro gabaritou a prova!



Na contramão dos perseguidores implacáveis do presidente da República, estou aqui para apontar que nem tudo é infausto. Chamam-no de genocida, fascista, promotor da morte, machista, racista, misógino, etnocida, estafermo, apedeuta, cloroquinófilo, e uma lista tão grande de exprobrações que até ousaram publicá-la em jornal de ampla circulação.


Adjetivos que nem ele e nem os seus filhos os compreenderão sem o auxílio da ciência, das letras, da pesquisa: do dicionário. Injustiça? Não. Ele é tudo isso e mais um pouco. Além de renegado pelo Exército, do qual saiu pela porta dos fundos, o presidente é um estorvo, sacripanta, beócio, sofomaníaco.


Mas não permito que digam que o parasidente (parasita que tomou a chefia do Executivo em eleições comprometidas pela prisão política de outro candidato) nunca tenha gabaritado uma prova, bingo ou qualquer coisa que o valha. Enquanto Dilma sofreu o processo jurídico-midiático-parlamentar mais misógino da história desse país (ela foi impedida por ser mulher, pois até os peritos do Congresso afastaram o argumento das pedaladas, ignorado pelos parlamentares que regurgitaram a marcha da família com Deus pela liberdade), o atual presidente, com seu histórico de atleta, bateu todos os recordes e se tornou a namoradinha da Lei de Crimes de Responsabilidade (1950), a Lei do Impeachment.


O sr. 'Lei de Segurança Nacional' (essa lei é o instrumento utilizado como "dialética" pelo presidente) procedeu de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo, rotineiramente; interveio em negócios peculiares aos Estados ou aos Municípios com desobediência às normas constitucionais; quebrou o decoro ao propagar desinformações sobre o tratamento contra a Covid-19 e ao fazer propaganda de remédios sem eficácia comprovada; abusou do poder ao proibir o Ministério da Saúde de tomar medidas em favor da compra de vacinas.


Comportamento ininterrupto, corrupto, que importuna o direito público à saúde, garantido pela Constituição. Atentado contra o direito social à saúde, passível e possível de impeachment, embora o sono profundo de Rodrigo Maia e a letargia de Arthur Lira sejam a melodia do Flautista de Hamelin.


Além disso, a conduta do senhor presidente o veicula igualmente a crimes comuns: expor a vida ou a saúde de pessoas a perigo direto e iminente; infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa; retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.


Nas disciplinas Genocídio, Improbidade, Quebra de Decoro, e etc. e etc. etc., o presidente gabaritou.


Yussef Campos - Professor da Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás. Atua também nos Programas de Pós-graduação em História e ProfHistória, na mesma instituição. Articulista do Instituto Brasileiro de Direitos Culturais

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